
01
COLHEITA
Por outras portas entrarei, /
quando a luz me compelir
e o rocio da manhã luzir
em flores de rosa e espuma do mar.
Como a primeira sílaba da noite silenciosa
falarei,
de sombras e de anjos azuis.
Assim foi a minha vida.
Sou um clarão, um instante,
um crânio branco,
um crepúsculo,
um pequeno peixe num lago.
Nado em água, aroma
e vinho doce
de uma antiga colheita dourada.
Maria do Sameiro Barroso, Portugal